26/05/2015

Greve é suspensa e retorna o "estado de greve"

Foto da amiga Cida Ferraz de Sombrio
          Foi a mais longa e a maior greve em número de adesão nos últimos 25 anos de judiciário, isto é importante afirmar. A categoria foi perfeita em sua atuação, não deixando nada a desejar em matéria de mobilização. O Comando de Greve se superou, agiu além daquilo para o que foi constituído, foi para a estrada, estimulou colegas, publicou documentos próprios. Grupos de watsap, facebook e demais mídias sociais foram criados nas comarcas do dia para a noite a fim de fomentar e avançar com a greve. Parabéns para quem teve a coragem e a ousadia de fazer parte desta história.

          Mas isto é a foto de um momento o qual não se repetirá da mesma forma ali na frente pois os fatores históricos, os atores, as condições são sempre diferentes em ambientes sociais. Mas o importante agora no momento de suspensão da greve é manter-se firme nos ideais e continuar em "estado de greve" para forçar o avanço de mais ganhos para os trabalhadores.

          Em 47 (quarenta e sete) dias de greve a gente consegue pensar em muita coisa. Consegue lembrar de muita coisa e fazer muitas análises. Algumas análises a gente deixou para depois da greve pois o objetivo era a unidade da nossa categoria. Por exemplo em 2004 ao decidirmos por sair da greve após 17 (dezessete) dias tivemos um incremento de 50% no auxílio-alimentação (hoje seriam R$ 500,00) e mais um abono de 4 (quatro) vezes de R$150,00, que era aproximadamente 40% do auxílio-alimentação.

         Em outubro 2005 após uma greve de 7 (sete) dias se não me engano, apesar de fraca em número de participantes a greve foi essencial para que as negociações do PCS avançassem de forma vertiginosa e em dezembro daquele mesmo ano tivéssemos aprovado 64,5% de aumento em aproximadamente um ano e nove meses. A implementação da data-base da categoria foi, contudo, o maior ganho que já tivemos no meu ponto de vista.

          A saída da greve neste momento aconteceu por vários fatores. O longo tempo de greve (que cansa a categoria), os descontos efetuados pelos dias parados, as exonerações efetuadas dos cargos comissionados e das funções gratificadas, as perdas (ou não vitórias) de inúmeras ações judiciais, a falta de perspectivas de negociação, as falhas da direção do sindicato, entre outros foram os fatores que levaram a nossa categoria a decidir ontem por retornar ao trabalho, suspendendo a greve e chamando novamente um encontro em 30 dias.

         Poderia falar mais sobre tudo isto, mas é muita coisa para escrever num texto só e é necessário organizar ainda um pouco mais as ideias. Concluindo e respondendo a uma amiga que respeito muito e me cobrou pelo watsap o motivo de não me posicionar no último post sobre ficar ou sair da greve, agora fico mais tranquilo de apresentar minha posição pois não influencio agora indevidamente nenhum colega. Acho que era o momento de sair, não pela categoria que como falei no primeiro parágrafo foi irreparável, mas pela falta de confiança numa direção que com a maior greve de nossa categoria deixou escapar pelos dedos uma vitória brilhante. Pela unidade da categoria calei meus motivos no último post e espero a compreensão dos colegas, percebendo ainda que as grandes conquistas advém de grandes sacrifícios.

21 comentários:

  1. Volto ao trabalho mais desmotivado do que nunca, pois a greve mostrou como eles (TJ) são baixos.
    Só me resta estudar muito e sair desta instituição vergonhosa.

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    1. Torço por você colega. Espero que consiga rapidamente sair. A mim, que estou prestes a me aposentar, resta torcer para que os próximos administradores desta instituição sejam pessoas descentes e que valorizem todos os servidores de maneira igualitária, que não beneficiem apenas alguns grupos. Pois só assim é que se poderá recuperar tudo o que se perdeu com esta greve, que se pode citar, principalmente, a vontade de trabalhar.

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    2. Vergonha, desfiliar em massa, olha os Professores lutando e vão vencer.

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  2. Angustiado e por demais magoado, sigo o voto do Relator acima!! Se Deus quiser eu vou "vazar" logo...

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  3. Faço minhas as palavras do colega acima. E ainda deveremos retribuir aos nobres advogados o "apoio" recebido.

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  4. acho q sentimento geral dos mais novos é esse do colega acima. totalmente descrentes de um futuro dentro do tj, e mais motivados do que nunca a estudar para sair o quanto antes.

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  5. Perfeito seu comentário, Claudio.
    Volto ao trabalho com orgulho de nossa categoria e dos colegas que tiveram a coragem de lutar por seus direitos. Ainda não conseguimos conquistar tudo aquilo que desejávamos, mas ao menos voltamos com a certeza de que fizemos, como categoria, tudo aquilo que podíamos neste momento.
    Próximas oportunidades virão, certamente. Afinal, AINDA não conquistamos tudo aquilo que merecemos e desejamos. É só questão de tempo. :)
    Alguém tem que ensinar ao TJSC que a melhor forma de resolver conflitos é com o diálogo franco e aberto, e não com ameaças e retaliações (estas, sempre prejudiciais a ambos os lados).
    Por fim, lanço um desafio pessoal: ainda QUERO ver membros da magistratura defenderem publicamente essa gestão perigosa que a direção do tribunal tem encampado a fim de garantir seus privilégios, indenizações e "auxílios". Se a causa é "justa", por que não divulgá-la publicamente? Por que não divulgá-la no mural de notícias do site do tribunal?
    Essas, e tantas outras perguntas sem resposta, incentivam-nos a permanecer na luta!

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    1. Concordo, nós servidores temos que mostrar pra sociedade o que esta acontecendo, temos que divulgar em blogs, facebook, jornais locais por meio de colunistas corajosos (são poucos mas existem). Expor o que esta sendo feito com o orçamento, pagamentos de retroativos sem prescrição e etc. Privilégios e mais privilégios e pra nós sobrecarga de trabalho e reclamações, demora na resolução dos conflitos, bandidos presos e soltos logo em seguida, sentenças leves, medo de manter bandido na cadeia, medo de se comprometer com a justiça, só $$$$ e status na cabeça. Não generalizando mas ta faltando se fazer justiça de verdade.

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  6. Certamente o grande perdedor foi o Tribunal de Justiça, o tempo mostrará os resultados finais.

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  7. O que esse sindicato comprado fez foi sepultar uma mobilização espetacular, justo quando os efeitos da greve se impunham, quando angariávamos com tanto suor o apoio importante de deputados, câmaras de vereadores, advogados, OABs, etc...É imperdoável a conduta de um órgão de representação que não nos protege, não nos beneficia, e sim age contra a categoria. Sonho com uma lista de nomes competentes e corajosos para compor uma nova chapa a fim de que possamos destituir essa corja de pseudosindicalistas vendilhões, que desperdiçaram um movimento que poderia seguir com grande chance de vitória, não fosse a insegurança jurídica e sindical de que fomos vítimas. DESTITUIÇÃO JÁ!

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  8. Parabéns Cláudio por sua adesão à greve, até o fim!

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  9. Muito boa colocação Cláudio. Parabéns a nós grevistas, e lamento a ausência do sindicato e a postura do TJ. Penso que devemos agendar uma assembleia regional antes da geral, para avaliação e discussão, inclusive para sugestão de novas lideranças para uma futura chapa concorrente para a próxima eleição sindical. Ainda, penso que devemos discutir a possibilidade de apresentar/sugerir um projeto de regulamentação da greve no serviço público (pergunto de cara se pode ser apenas no âmbito estadual?). Por fim, agradeço muito sua contribuição neste movimento, e a todos os colegas grevistas. Marco Costa TJA

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  10. Rumo à 21ª posição em produtividade!!

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  11. Talvez eu esteja meio fora da realidade, mas estou otimista.
    O q acabou com a greve foi o sindicato, isso é certo...porém, acho q o mais difícil numa greve é mobilização da categoria e conseguimos vitórias inéditas e importantes nessa batalha. Arquivar a PL05, por mais q alguns colegas sintam indignação, mostrou a força política q podemos ter qdo nos mantemos unidos. Infelizmente, tinhamos a faca e o queijo na mão com um sindicato fraco e incompetente, mas acho q é só um começo.
    Ficou claro pro TJ q a força e a insatisfação está latente na categoria, e embora desanimados calejados de tanta cacetada nessa greve, com o tempo iremos nos recuperar e perceber q, com ganhos ou perdas, a luta tem q ser constante. O sindicato muda, mas a categoria fica. Mesmo nem aí pra gente, o TJ sabe disso.....e sabe tb q continuaremos com outras greves pela frente, pq um PCS já conquistamos uma vez, agora é o segundo e assim será a vida, batalhas constantes contra esse tribunal.
    Qto aos colegas querendo sair daqui, estão corretos, merecem ser apoiados e espero q consigam...só não utilizem disso pra desistir pq concurso está cada vez mais difícil, todos sabemos, e até q se seja nomeado em um concurso, nao abandonem a causa, pq conheço colegas q tb nao tinham pretensão de continuar no TJ, mas estão até hj....então continuem lutando aqui dentro e lutem tb pra sair daqui, pq do futuro a gente nunca sabe.
    E esperamos um pxmo sindicato....os servidores estão atentos, engajados, percebo a q acordaram pra vida e daqui pra frente as eleições serão diferentes.
    E não esqueçam, todo órgão público tem sua fase....o TJ já foi o melhor, hj é o pior.....a tendência, após essa greve, é melhorarmos, pois ficamos 10 anos sem greve, sem mobilização, sem união.
    Vamos continuar na luta, como diriam os colegas, com alguns intervalos, a greve é pra vida toda.

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  12. Aguardem os próximos números da produtividade Srs. Desembargadores...

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  13. Olha eu só tenho a dizer...nem a atual administração do sindicato, muito menos a anterior. Usaram o povo como massa de manobra! Cambada essa turminha de Cláudios e Laercios...triste demais

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    1. Ao menos nós te damos a oportunidade de se manifestar meu amigo, mesmo me colocando no mesmo saco que o Laércio. Triste é a democracia e a liberdade de manifestação que se escondem. Espero que você seja o próximo presidente do SINJUSC. Daí você mostra como é que se faz o certo.

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  14. CCJ aprova reajuste para servidores do Judiciário
    ATUALIZADO EM 25/05/2015, 12h59

    Edilson Rodrigues/Agência Senado
    Saiba mais

    CCJ pode aprovar mais duas propostas de interesse do Judiciário
    Entendimento negociado pelo senador Walter Pinheiro (PT-BA) permitiu a aprovação pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), nesta quarta-feira (20), de projeto de lei da Câmara (PLC 28/2015) que estabelece reajuste escalonado, em média de 59,49%, para os servidores do Poder Judiciário. A proposta segue para votação em regime de urgência no Plenário do Senado.

    De acordo com o parecer favorável do relator, senador José Maranhão (PMDB-PB), o aumento vai variar de 53% a 78,56%, em função da classe e do padrão do servidor. Seu pagamento deverá ocorrer em seis parcelas sucessivas, entre julho de 2015 e dezembro de 2017. E também dependerá da existência de dotação orçamentária e autorização específica na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).

    Como contrapartida ao aumento, os órgãos do Poder Judiciário terão de se esforçar para racionalizar suas estruturas administrativas e reduzir os gastos com funções de confiança no prazo de um ano. É importante frisar também que este reajuste ainda depende de suplementação orçamentária para começar a ser pago este ano.

    “Quanto ao mérito, a majoração dos vencimentos dos servidores do Poder Judiciário da União é tema de absoluta justiça. A remuneração desses servidores encontra-se defasada em relação a carreiras equivalentes dos Poderes Executivo e Legislativo, fato que tem ocasionado o aumento da rotatividade de servidores, com significativo prejuízo à prestação jurisdicional”, reconheceu Maranhão em seu parecer.

    Sem NPCS, sem greve... isso é que é foco no resultado, né? Exemplo de mobilização!

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  15. Estou há 3,5 anos aqui no TJ, e desde o primeiro dia nunca tive uma boa impressão. Clima pesado, impessoal, cujo objetivo maior é bajulação dos desembargadores, e não o atendimento ao cidadão. Nós servidores não nos sentimos parte do processo, pois nossas ideias e sugestões nunca são levadas em conta. Apesar de não ter nenhuma expectativa com relação à postura dos magistrados da alta Adm do TJ, me surpreendeu o fato de eles não fazerem a mínima questão de esconder o descaso com o servidor e a se beneficiar com o poder de modo corporativista. Melhor assim, dessa forma estou absolutamente convicto de que não quero ficar aqui.

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  16. Nunca fizeram a mínima questão de esconder o descaso com o servidor. Só quem não conhece, compra a ideia do sonho do concurso no Judiciário de Santa Catarina.

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