29/04/2015

Diário de Greve: dia 21

Foto Marco Favero Agência RBS
         O diário do dia 20 ficou para trás, não adianta mais escrever o que passou sem ficar com a sensação de ter perdido o momento. Mas aconteceu, tá na memória e o importante foi o dia de hoje. A assembleia marcada para a frente do Tribunal de Justiça, tanta gente que foi necessária uma grande estrutura, mas maior foi a vontade do povo, da categoria, em assumir seu futuro. Hoje, o maior movimento, foi pela tentativa do bloqueio do PL 05/2015.

         A assembleia começou no horário, com várias comarcas participando e muita gente chegando de todos os cantos do estado. Legal ver tanta gente, de todo o canto, se unindo para tentar fazer seus interesses prosperarem. E começou com um discurso da direção do sindicato trazendo todo o histórico de negociação. De que o NPCS é o fator que une a categoria, e que o PL 05/2015 deveria ser arquivado na Assembleia Legislativa. Sobre este último é importante lembrarmos quem o iniciou.

         Durante a assembleia um discurso aguerrido feito pela direção do sindicato parecia tentar encarar o Tribunal de Justiça. E mesmo com o "esbravejamento", decidiram então formar uma comissão, com a direção do sindicato e alguns colegas do comando de greve a fim de tentar uma última conversa com o Presidente do Tribunal de Justiça. Alguns disseram que ele não quis receber, outros falaram que ele estava em Brasília para a posse do Ministro Mussi na Corregedoria do STJ. Não sei qual é a versão real.

         No retorno a direção do sindicato fez um discurso emotivo. Chorando e abraçados os diretores disseram que ouviram falar que o Presidente do SINJUSC poderia ser preso a qualquer momento por descumprir a decisão judicial de afastamento de 200 metros e das faixas colocadas nos prédios do judiciário. Estranhamente o despacho, caso não cumprido falava em multa para o sindicato e não em prisão para seus dirigentes, mas como colocado poderia ser apenas (e acredito ser) um boato. Prisão de dirigente sindical ocorreu na ditadura e em alguns enfrentamentos mais abertos no período democrático.

         Após a fala de vários representantes de comarcas de todas as regiões do estado a categoria decidiu por deliberar. Votou-se então pelo pedido de retirada e rejeição do Projeto de Lei 05/2015 que o Tribunal de Justiça encaminhou para a ALESC. Além disto, pela permanência do estado de greve por tempo indeterminado enquanto não atendidas as suas reivindicações já protocoladas no dia 31 de março.

        Na Assembleia Legislativa a categoria lotou as galerias e pediu pela retirada do Projeto de Lei. Conversas feitas com vários deputados e pedidos de audiências com as bancadas da ALESC foram marcadas a fim de tentar barrar um projeto que poderia conceder um aumento de 2% de ganho real para todos os trabalhadores. Por intermédio da Deputada Luciane Carminati que fez o pedido de audiência Pública no Plenário da Casa e com o encaminhamento que o Deputado Dirceu Dresch afirmou com o pedido na Comissão de Finanças cabe agora aos trabalhadores se esforçarem e cobrarem dos representantes da ALESC a aprovação da Audiência.

         O PL 05/2015 é oriundo do pedido da ATJ. Rejeitado pela categoria com mais de 3000 pessoas, conforme o sindicato, o projeto divide os trabalhadores e por este motivo foi feito o pedido de sua retirada por parte do Tribunal de Justiça. Da mesma forma os trabalhadores pressionaram os Deputados e continuarão em movimento para enterrar definitivamente o projeto de divisão da categoria.

         O dia se concluiu com uma triste notícia. O enfrentamento da Polícia Militar do Paraná com os professores que atuam no estado e que estão em greve fez vítimas. Segundo relatos há feridos graves, mas também haveria 2 mortos (a confirmar). A solidariedade da classe trabalhadora deve observar a forma como estão sendo tratados os professores em todos os níveis e em todos os estados. Políticas neoliberais fazem recrudescer a relação de classes, e infelizmente sofrem aqueles que mais precisam da ajuda da população e do governo.

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