17/01/2015

Auxílios e Abonos X Salários e Vencimentos

     No início da próxima semana se encerra o prazo que o Governador possui para analisar o PLC que implementa o Auxílio-Alimentação Extraordinário para os Trabalhadores do Judiciário Catarinense. O auxílio extraordinário vinha sendo pago já há vários anos sempre de forma discricionária pelo Presidente do TJ, tendo-se iniciado na Presidência do Desembargador Pedro Manoel Abreu (o mesmo que implantou o PCS). O auxílio-alimentação convencional já vem sendo pago desde 1998 e era reajustado, nos últimos dez anos de igual forma com a reposição inflacionária. Revisitando as publicações da Associação dos Analistas Jurídicos (AESC), observamos um artigo defendendo o pagamento de auxílio ao invés de defender salário (clique aqui).

     O texto é de maio de 2013, ou seja, quatro meses após o último reajuste do auxílio-alimentação. Naquele tempo o sindicato atuava para o reajuste anual, com a reposição inflacionária e com ganho real. E a categoria, desde 2010 vinha deliberando em Assembleias Gerais pela incorporação da referida gratificação, pois isto incidiria para o adicional de tempo de serviço, férias, 13º, para que valesse no momento da aposentadoria e todos os benefícios que um “salário” traz para o trabalhador.

     Diferente do que o decidido pela categoria a AESC sempre atuou de forma diversa. Sem assembleias e representando muito mais os cargos em comissão do que na verdade os Analistas Jurídicos a entidade postou um artigo em defesa das gratificações e principalmente do auxílio-alimentação do que pela incorporação do benefício. Tal assertiva vinha na linha de que um auxílio não gera pagamento de impostos, pois é uma verba indenizatória. Gostaria de saber se colega que escreveu o texto hoje concorda com tal leitura. Naquele momento, quando o benefício era cobrado constantemente pelo sindicato o aumento vinha anualmente e o auxílio-extraordinário era requerido e cobrado (mesmo com os desembargadores mais “queixo-duro”).

     Os auxílios e abonos, todos sabem, são discricionários. O Presidente do Tribunal de Justiça pode não pagar, pode reduzir, pode extinguir, pode fazer o que quiser com o auxílio-alimentação, com o auxílio-alimentação extraordinário, com o auxílio-saúde, e qualquer outro benefício que seja apenas autorizado pelo legislativo. Diferentemente de salário os abonos, gratificações  e auxílios são verbas que, apesar de indenizatórias (e portanto isentas de imposto), são verbas que nos colocam na mão dos dirigentes do Tribunal de Justiça. Talvez por isto a AESC é tão favorável e fez defesa desta tese em seu site.

     Salário é algo que levamos para a nossa vida. Por mais que um aumento salarial seja pequeno, talvez apenas com a inflação ou com um pequeno ganho real de 1%, ele é permanente. Pensemos se valeria mais a pena ganhar uma gratificação, um auxílio ou um abono de 64,5% em janeiro de 2005 ao invés de um aumento salarial no mesmo valor. Basta fazer este simples pensamento para notarmos aonde estaríamos e para onde iríamos caminhar.

     Defender auxílio, abono ou gratificação ao invés de defender salário é trabalhar contra a própria categoria. Confiar nas deliberações das assembleias da categoria é fundamental para respeitar a decisão soberana de todos os trabalhadores. Aprendemos muito no final deste ano de 2014, com um auxílio-alimentação extraordinário que ainda não veio, com uma categoria que quer mobilização e não encontra eco em seus representantes, em informações que não são publicadas e que não chegam em nossa base. Lutar por salário é lutar por quem depende do seu salário, é lutar pelo trabalhador.

7 comentários:

  1. Sábias palavras!!! Quando é mesmo que termina a gestão do atual "sindicato"?

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  2. A atual gestão do sindicato se conclui ao final de 2016, ou seja, no final do próximo ano. Mas há muito por fazer. E acredito que teremos ao menos uma assembleia neste ano. É fundamental que exista. Quanto mais, ao meu ver, melhor para a categoria e diria até, para a própria direção do sindicato. Não baixemos a cabeça, não vale a pena apenas esperar o tempo passar, é necessário um pouco mais de organização.

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  3. Imagine vc... Com um cargo comissionado na sua comarca... Qual seria sua postura se assumisse o sindicato? Trabalharia a favor dos trabalhadores ou faria jogo duplo para não perder seu carguinho qdo do fim
    do mandato... Acho q o Laércio está fazendo certo... Idiota foi quem votou nele...

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    1. Pelo que ouvi, terá uma terceira chapa. Por enquanto não vou dizer, porque eu ainda não tenho as provas. Será um rolo, sorte que não sou sindicalizada.

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    2. Olá, colega. Permita discordar, mas acho que o fato de não ser sindicalizada não é sorte, apenas prova o quanto a categoria está dividida.

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  4. Como sempre, lúcidas palavras. Os trabalhadores do TJSC têm muito o que aprender em termos de lutas pela categoria. Na verdade, cada um luta por si e pronto, e assim não se fortalece o bloco.
    A partir de hoje vou "identificar" minhas postagens, pois em alguns comentários que eu fiz ou respondi anteriormente, alguns anonimos postaram e ficou parecendo que eu re-respondi.
    Ass: Vinte e Dois.

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  5. Esses cargos em comissão dividem a categoria, quem tem mesmo ganhando pouco porque, 600,00 reais de gratificação na distribuição, contadoria pra ficar tendo que responder PAD e esporro de Juiz é pouco e quem é TSI ganha ,mais mas também sofre muita pressão, mesmo assim quem esta na função fica com medo de perder a função e fica com medo de entrar na luta. Apesar de que no atual momento acredito que muitos comissionados entrariam num movimento de greve se o nosso Sindicato mobilizasse a categoria. Na nossa Comarca estamos atentos a tudo que está acontecendo não paramos de cobrar o Sinjusc e só recebemos respostas vazias e protelação de decisões. Queremos Assembleia, as regionais só saíram porque as Comarcas se organizaram, mandamos fotos e tudo mais e o Sindicato ainda distorceu o movimento dizendo que era mobilização pelo PCS queríamos era atitude enérgica do Sindicato, vieram com um "NPCS" e a "garantia" da aprovação pelo TJSC e com "celeridade", no fim até o vale-peru virou novela e nem sabemos mais se vamos receber.

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