15/08/2015

Crônicas de uma greve: "Vou-me embora..."

 
Imagem do blog wagnermarins.blogspot.com.br
        A greve ainda não acabou, ao menos, seus efeitos são percebidos até a data de hoje. Dia desses uma colega me disse: "Cláudio, alguns servidores estão pedindo exoneração pois não estão aguentando a perseguição que ocorre dentro do Fórum. Mesmo sem perspectiva de novo emprego ou trabalho eles desistiram, pediram as contas mas não querem mais trabalhar no judiciário." Esse é o retrato de um judiciário falido, não financeiramente, mas moralmente.


          O Tribunal de Justiça poderia publicar um relatório das avaliações de desempenhos realizada no semestre anterior (antes da greve) e a que foi feita no último período (depois da greve). Será que haveria alguma alteração que indicasse que os trabalhadores estão sendo piores avaliados após o período de greve? Colegas já informaram que sim, que nunca tiveram uma nota baixa mas que após a greve, mesmo sem alterar a forma de trabalho, suas avaliações foram abaixo do necessário para promoção.

          Nas comarcas onde a greve foi mais dura com os trabalhadores, ou melhor falando, onde os magistrados foram mais truculentos no trato com os funcionários, é de onde devemos concentrar nossa atenção e o Tribunal de Justiça também pois é ele o responsável por orientar seus magistrados no trato com os trabalhadores (como se eles não fossem também trabalhadores). A magistratura (não toda é verdade), precisa aprender que sua função é julgar nos autos, no serviço diário o trabalho é para ser desenvolvido enquanto "equipe". 

          Enquanto isto trabalhadores que não aguentam mais a pressão vão pedindo as contas, vão deixando o judiciário, começam a procurar fora, mesmo sem uma certeza de trabalho, um espaço melhor para viver, para conviver, para trabalhar, pois nem tudo é dinheiro neste mundo. As vezes a dignidade, o respeito próprio e a auto-estima valem mais do que 1,83% de aumento.

2 comentários:

  1. Belo texto. Eu acrescento que, mesmo no meu caso onde as avaliações foram mantidas no mesmo patamar de antes, a motivação para o trabalho está péssima. Aliás, vejo que sou acompanhado pela ampla maioria dos meus colegas nesse sentimento.
    É triste que o Tribunal de Justiça tenha se rebaixado a tal ponto de tratar seus colaboradores como meras ferramentas de produção de sentenças.
    Isso é degradante.
    Não sinto orgulho NENHUM em trabalhar nessa instituição, e não recomendo a ninguém que preste concurso para submeter seu respeito próprio e sua autoestima a troco da (superestimada) estabilidade.
    Não vale a pena.

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  2. Aqueles que acompanham o Diário da Justiça podem observar que de 10 atos publicados, 8 são pedidos de exoneração e aposentadoria. Fuga em massa do TJSC. Só eu conheço uns 3 que saíram na última semana... A situação é caótica. ONDE ANDA O SINJUSC? AH... ESQUECI! TÁ EM PORTO ALEGRE PASSEANDO....

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