24/07/2014

Assembleia: Uma diretoria sindical despreparada

     O que vimos em Fraiburgo no último dia 19/07 foi a mais pura demonstração de uma diretoria sindical totalmente despreparada e disjunta da luta da classe trabalhadora.

     Fomos para a primeira assembleia geral da categoria, depois de longos 7 meses de gestão da nova diretoria eleita, depois de já ter passado a data base, depois de já termos sentido o gosto amargo de um projeto já sacramentado de auxilio-saúde e até o momento sem pauta alguma e nada discutido com a categoria. O ano iniciou com muitas expectativas, sabíamos que este ano seria curto (copa do mundo, eleições), mas tínhamos uma nova diretoria sindical que prometeu dar novos e promissores rumos as discussões da categoria, muitos acreditaram fielmente que isso seria possível, que não seriam necessárias discussões, mobilizações e empenho de todos, tudo aconteceria em reuniões a conversinhas amistosas da diretoria do sindicato com a presidência do TJ.

     Sete meses se passaram e nada assembleias regionais para ouvir os trabalhadores, nem pauta construída de forma democrática, nem comunicação, aliás os canais de comunicação com os servidores foram cortados, pois me parece que para o novo modelo de gestão sindical isso não é importante.

     Data-base foi e somente a reposição inflacionária, tivemos que nos conformar com o que conquistamos com muita luta em outros tempos, a reposição inflacionária, ao menos esta veio, graças a uma categoria que era unida, que sabia lutar, que tinha um norte, da qual eu muito me orgulho em participar, que criou a lei da data-base e muitos outros ganhos. Mas cadê o ganho real? O aumento do auxilio-alimentação? As reivindicações dos TJAs? A solução para a disfunção? A saúde do trabalhador? e outros tantos pedidos da categoria. Estão hibernando em longos e intermináveis estudos, estudos e mais estudos e continuam fazendo estudos, e até agora nada, só promessas vagas e, é claro estudos. Mas, enquanto isso, “na sala de justiça”, abrem-se as torneiras dos cofres públicos em prol de alguns bem aventurados, para estes seres onipotentes, não precisa de estudos.

     Chegamos à assembleia ansiosos por construirmos juntos uma pauta de reivindicações e um plano de luta (doce ilusão), ações planejadas por todos, de forma democrática. No entanto a decepção com o que vimos e a forma com que as coisas foram discutidas é imensurável. Nos deparamos com homens de terno, que mais pareciam representantes do TJ, investidos de poder  opressor o que o Poder Judiciário dá para alguns de seus personagens,  iniciaram uma assembleia de trabalhadores com um discurso, que se parecei mais com palestra motivacional do que uma assembleia de trabalhadores, falasse de literatura ( Arte da Guerra), de jogo de xadrez, de conhecer o adversário, tudo isso bem apresentado, em um projetor, slides, figuras, cores, etc..., até aí tudo mais ou menos, mas a pauta era extensa, então vamos lá. A bagunça começou quando, de forma que mais parecia à leitura de uma sentença condenatória, se leu uma minuta de auditoria que ainda não foi concluída, sem ouvir ninguém (portanto do o principio fundamental do contraditório e da ampla defesa foi rasgado, destruído, desconsiderado, negado), sem que a categoria tivesse aprovado a contratação da tal auditoria e o pior, uma auditoria paga pelo SINJUSC, sem que os filiados saibam quanto foi pago, porque isso não foi dito, para falar ou demonstrar exatamente os que os contratantes contrataram para ser dito. Depois dos apontamentos questionáveis e não concluídos, incriminando pessoas, o tempo dado para quem quisesse falar sobre o assunto foi de 2(DOIS) MINUTOS, com cronometro correndo no telão, após os ínfimos dois minutos o microfone era cortado, não preciso mais me alongar para vocês saberem na confusão que isso gerou.

     Daí em diante, a diretoria perdeu o controle da assembleia, e demonstrou seu total despreparo e inabilidade, para um diálogo democrático, para ouvir o que a categoria quer, para construção de uma proposta coletiva e para construção de ações de luta, de estratégias.

     No mais, foi apresentado um rol de ações que o SINJUSC já ingressou, em nome da categoria, sem a aprovação democrática desta, outro rol de ações que se pretende ingressar, demonstrando claramente que a visão da diretoria do SINJUSC é judicializar e não negociar. Foi também ventilada a possibilidade de o SINJUSC elaborar uma nova tabela salarial, para isso disse que precisaria um prazo de 90 dias, para depois apresentar ao TJ, e ai sim, para se fazerem estudos do impacto financeiro. Também foi tratado que a URV pode demorar muito para se julgada no STJ e o passivo desta ação é impagável, sugerindo-se que se crie um grupo para negociar com o TJ viabilizando o pagamento de forma administrativa. Sendo que o  direitor da FENAJUD, Sr. Volnei Rosalen foi convidado a integrar este grupo.

Cátia Ana Senfrim do Nascimento Duarte

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