04/07/2015

Sobre: TJ concluiu o "acolhimento" aos novos servidores

Foto de Guilherme Wolff/Assessoria de Imprensa TJ do site do TJ
          Antes de ser relotado para a DIE a "bem do serviço público"(desculpem, tinha que escrever isto), depois que retornei do SINJUSC para o TJSC em 2013, trabalhei na DRH por mais de uma década. Sempre me envergonhei da DRH pela extrema demora em realizar um encontro para dar as "boas vindas" aos novos servidores. Além da demora alguns palestrantes eram sofríveis, uma concepção de justiça até bonita no discurso de alguns, mas a prática e a incapacidade de reunir trinta ou quarenta servidores novos em menos de seis meses sempre me doeu. A notícia do site do TJ demonstra o quanto o servidor não é importante para a administração.

          O que mais me chamou a atenção na notícia do Tribunal de Justiça (clique aqui para acessar), foi o fato de a foto da chamada não ser dos novos trabalhadores, mas da mesa formada por magistrados e cargos em comissão do Tribunal. Ou seja, na própria notícia o Tribunal já demonstra o quão importante é o "novo trabalhador" quando dá maior destaque à mesa que encerrou o curso do que aos novos trabalhadores.

          O discurso narrado é todo o discurso da administração. As entrevistas são feitas buscando as falas do senhores "Diretores" do TJ e dos senhores "Magistrados", que falam sobre aquilo que querem dos novos trabalhadores e em nenhum momento da notícia é repassada a perspectiva de quem ingressa para trabalhar no judiciário. Além da demora em conseguir reunir 70 pessoas (mais de um ano), das cinco fotos apresentadas na reportagem apenas uma mostra os novos servidores, e nenhuma linha é escrita com a fala de algum deles. Reparem na diferença que é dada quando um "novo magistrado" assume no judiciário. Nos pequenos detalhes entendemos os grandes princípios.

Cláudio Del Prá Netto

8 comentários:

  1. Realmente a demora na realização do curso de ambientação foi grande. Ontem, boa parte dos participantes do curso já tinham mais de seis meses de Judiciário. De qualquer forma, a parte virtual do curso, com informações sobre a estrutura do Judiciário, as atribuições de cada Diretoria, as dicas de informática, etc, foi bastante útil.
    Já a parte presencial foi decepcionante. Logo na mesa de abertura, várias referências indiretas à greve. "Não acredite em boatos, veja como nós tratamos bem os servidores". Uma mesa formada pelos Diretores, todos homens.

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  2. Continuando... Nenhuma mulher na mesa. Já fica o recado para as mulheres recém-ingressas no Tribunal de que o caminho para alcançar cargos de chefia será longo e árduo. A ginástica laboral e a palestra sobre ergonomia foram interessante e úteis.

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    1. boa colocação a sua.... as mulheres no Tribunal nunca foram respeitadas tampouco valorizadas. Essa instituição está ruindo a cada dia que passa.

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  3. As piores partes foram as palestras motivacionais que não motivam nada. Apenas temas abstratos, sem conteúdo concreto para nosso dia-a-dia nas comarcas ou no Tribunal. Aprendi muito mais sobre o Tribunal conversando com colegas durante a greve. Durante a greve pude me integrar com colegas de diversos setores do Judiciário e me inspirar a partir da trajetória de vida de alguns. A greve foi minha verdadeira ambientação institucional.

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  4. A todo momento, em todas as notícias, fotos, cursos e promoções, as entrelinhas dizem mais que as palavras. É visível a valorização extremada de magistrados e, ao mesmo tempo e de forma inversamente proporcional, a dispensabilidade, desvalorização, quiçá substituição do servidor. É triste. É desanimador.

    É lastimável que as atitudes da administração do Tribunal de Justiça, não só dessa gestão, mas também das gestões anteriores, cheguem a impedir até mesmo a promoção de quem conclui o estágio probatório, destes mesmos servidores que outrora foram "acolhidos" pelo Tribunal, nos anos anteriores.

    O "novo servidor" que finaliza o estágio probatório tem o direito mínimo à devida promoção. No entanto, hoje, ao contrário desse direito mínimo, ele é mal tratado, humilhado, descontado.

    Não é isso que a população de Santa Catarina merece para ser bem atendida e ter acesso pleno à justiça. Mais uma vez, o povo catarinense será prejudicado, pois encontrará, em todos os níveis, um servidor desmotivado e humilhado pelo administrador público. Um servidor que sequer é reconhecido como parte de um processo que, após 3 anos de dedicação, contribuiu definitivamente para a boa avaliação do TJSC a nível nacional.

    Mas se o Tribunal não lhes diz, digo eu. O mérito, podem falar o que quiserem, é nosso, é do trabalhador, é do servidor. É de todos que já decoraram todos os códigos do sistema, de todos que numeraram cada página, dos que fizeram cada certidão, cada ofício, cada mandado, e de mais ninguém.

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  5. O mais legal foi ter de ouvir o 'ilustre desembargador' deixar bem claro o entendimento que eles têm dos servidores: "quando fizeram o concurso público, sabiam o que os esperava"...

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  6. Não é sem motivo que esses "acolhimentos" são chamados de "lavagem cerebral".

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  7. Marco Costa/Florianópolis06/07/2015, 10:12

    Gostei da observação "a bem do serviço público". Um colega meu, Engenheiro Agrônomo, ficou empatado na seção de correspondência (da DIE) não podendo ir para a SGA, devido à mesma justificativa.

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