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O objetivo não é fazer uma cruzada contra a magistratura, ao contrário, são nossos colegas de trabalho, atuam conosco dentro dos Fóruns e do Tribunal de Justiça, prescindem dos nossos serviços, estão conosco nas sessões do júri e também passaram, como nós, num concurso público. Há que se acabar com esta ideia de que ele ou ela é um super-homem ou super-mulher. São seres humanos e sendo seres humanos também possuem as mesmas falhas que nós.
No Tribunal Pleno desta última semana um Desembargador usou uma expressão que diz muito sobre isto e que foi colocada de forma infeliz. Ao tratar sobre o momento da proximidade da morte de um magistrado disse ele que no momento final da vida somos todos julgados pelo “juiz dos juízes”. Ou seja, agora eu não tenho mais dúvida alguma que o magistrado é Deus e Deus é magistrado. Ou como diz a piada “juiz pensa que é Deus, Desembargador têm certeza”.
Voltando ao tema proposto é importante enfatizar que são estes os senhores e senhoras que julgam em Santa Catarina se a greve dos trabalhadores do judiciário é legal. Isto deve acabar. Não é pelo próprio patrão que deverá ser julgada a greve dos trabalhadores, nunca! Mesmo trabalhadores do Executivo e do Legislativo não deveriam ter suas greves julgadas pelo judiciário estadual, mas pela Justiça do Trabalho a fim de não restar dúvidas sobre o interesse existente entre as partes, principalmente os trabalhadores do judiciário sendo julgados pelos seus “patrões”.
É fácil para um magistrado com seu polpudo subsídio julgar uma greve ilegal quando trabalhadores do judiciário catarinense lutam para manter o auxílio-alimentação no momento de sua aposentadoria? Trabalhadores perdem 30% ou até mais do seu salário no momento de pendurar as chuteiras. E é bom lembrar ao magistrado que o salário do trabalhador varia entre R$3.000,00 e R$ 4.000,00. Perder desta forma R$ 1.000,00 na aposentadoria é tirar parcela considerável do que recebe um trabalhador depois de 30 ou 40 anos de serviço.
Os magistrados devem olhar o quanto ganham e perceber que é necessário que todos nós ganhemos o suficiente para sobreviver. Enquanto um magistrado ganha só de auxílio-moradia mais do que o salário de um trabalhador de nível médio em final de carreira nós não teremos justiça. Viver com dignidade não é direito apenas dos magistrados, é de todos os trabalhadores.
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Artigo esclarecedor!
ResponderExcluirSe há um TETO à magistratura, como é possível driblá-lo com "vantagens eventuais" e "indenizações"? Isso desfaz o próprio sentido da existência do teto!...
No ano passado, juízes e desembargadores receberam em folha (líquido!) uma média de R$ 40.000 mensais. MUITO acima do teto!
E aí, como se justifica isso? Explicar tecnicamente pode até ser fácil; apontar que tal lei, tal decreto, tal resolução abrem "brechas" para o pagamento de valores acima do teto. Que seja.
O que eu me pergunto é: como se JUSTIFICA isso?
Sim, porque "justo" NÃO É.
Assim como não é "justo" receber "auxílios diversos" para questões que deveriam (devem!) ser resolvidas com os próprios vencimentos.
Se sou eficiente o bastante para conseguir morar, comer, estudar, sustentar e prover educação a minha filha, isso apenas com meu salário, como é que se explica que um magistrado não o consiga, sendo que ganha muito mais?
Que "deficiência" é essa que aflige essa categoria, que depende de penduricalhos para sobreviver e ser útil à sociedade?