26/05/2015

Guaramirim!

          A respeito de Guaramirim, muito nos orgulha o fato de termos uma Comarca unida e essa greve mostrou muito disso. Evidente que nem todos estiveram na luta até o final, mas conseguimos manter a força até o último instante.

          Participação na Assembleia, alguns churrascos comemorando aniversários, encontros com servidores de Jaraguá do Sul e Pomerode e os ânimos renasciam. Faixas foram tiradas, faixas foram colocadas, cartazes descolaram, folders foram entregues e a greve seguiu em frente.
 

        Após 48 dias de luta foi chegada a hora de voltarmos para nossa segunda casa. Vivemos um período turbulento desde o início. Nosso dia a dia foi regado a especulações e tensões diárias, do início ao fim, sobre qual a postura do TJ frente ao nosso movimento. Foram dias de calor em frente ao Fórum e dias de frio na frente do nosso novo QG. Na mesma medida, dias de decepção com a frieza de uns, mas de felicidade com o calor de outros.

         Embora nossa ilusão de que somos servidores pelos quais o Tribunal tem respeito e consideração tenha acabado já nos primeiros dias e mesmo fora do lugar no qual ajudamos a construir, seguimos firmes, pois o pleito foi nossa constante preocupação. Mas, ingênuo é quem disser que a greve de Guaramirim só se preocupou com o pleito: ficou claro, desde o início, que nossa preocupação também envolvia a manutenção do coleguismo de uma Comarca que certamente é uma das mais unidas do Estado.


          Essa greve não se limitou a dinheiro. Mesmo com o saldo final aparentemente positivo, o que se ganhou ou se perdeu em termos financeiros, daqui pra frente nos afetará muito menos do que os dias em que estreitamos os laços de confiança que aos poucos vinham se enfraquecendo. Somente depois de participarmos de um movimento no qual expusemos nossa situação e no qual nos orgulhamos de termos feito novos amigos e refeito antigos elos de amizade é que nos damos conta de que existem coisas que sequer um Tribunal truculento e um Sindicato despreparado são capazes de abalar: nosso respeito mútuo.

          2015 não esqueceremos jamais por usarmos nosso direito de se manifestar.
 

          Parabéns aos corajosos da Comarca.

Carlin Júnior

3 comentários:

  1. Em relação às atitudes antidemocráticas, muito me surpreendem, levando-se em conta que são perpetradas por pessoas com formação em Direito e, diga-se de passagem, não qualquer formação, pois, pelo menos no que diz respeito à teoria, tem que se saber muito para galgar um cargo de magistrado. Considero-me um nada juridicamente falando, em que pese ter formação em Direito, contudo, é básico, é inquestionável para mim a relevância, a importância do Texto Maior do nosso ordenamento pátrio (Constituição Federal), mormente no que tange aos Direitos e Garantias Fundamentais dentre eles, o direito à greve (art. 9).
    Um dos adjetivos da Carta Magna de 1988 é "Constituição Cidadã", por isso, a partir dela instaurou-se um novo paradigma jurídico em nossa sociedade, o qual coloca o cidadão o coletivo acima dos direitos individuais, nos tornando todos iguais. Não uma igualdade meramente formal, como era antes, mas sim, uma igualdade material, isto é, tratar os iguais de maneira igual e os desiguais na medida das suas desigualdades.
    Com todo o respeito, se passamos 5 anos sentados no banco da Universidade sem termos essa compreensão mínima a respeito do Direito, de nada valeu. Talvez, tudo isso que se passou seja um reflexo do ensino equivocado das nossas faculdades, muita teoria e pouca justiça. Talvez, também, seja consequência de problema na forma de escolha dos nossos magistrados, exige-se o conhecimento de muita teoria e de pouca noção do que seja justiça (justiça material).
    Em conversas que tenho com meus colegas de formação, percebo a busca dos altos cargos jurídicos sempre tendo como norte o status e, sobretudo, o salário. Nunca vi um comentário de alguém que almejasse ser um Juiz um Promotor com o objetivo de contribuir para a formação de uma sociedade melhor. Os sentimentos que vejo, são sempre egoístas. Talvez, os problemas que existiram com a greve decorram justamente disso, ou seja, do fato do Judiciário ser constituído por pessoas que colocam o direito individual acima do coletivo, por pessoas que fazem questão de não serem iguais ou que entendem a igualdade como "dar a cada um o que é seu", ao pobre a pobreza e ao rico a riqueza.
    Falei tudo isso, para dizer isso. Uma coisa é vc ser contra a greve. Não há problema em relação a isso. Não tem problema criticar o fato de se estar fazendo greve, expondo "n" razões. Agora, outra coisa é impedir o exercício à garantia ao direito, frise-se novamente, fundamental de greve. A primeira atitude faz parte do jogo democrático, a segunda, decorre do autoritarismo.
    Sabem, talvez o problema esteja na família e, sobretudo, na falta de religião (qualquer que seja). A família, a religião são a base da formação do ser humano. Já de tempos, vejo um enfraquecimento nesses dois pilares da sociedade o que, talvez, esteja contribuindo para a formação de cidadãos egoístas, individuais e alheios ao outro. Tipo: "Quero saber do meu, o resto que se lixe.". Entendo que devamos voltar a fortalecer a família, dar maior importância à religião, pois, só assim, teremos um sociedade mais justa, fraterna e igualitária. Abraço aos colegas.

    ResponderExcluir
  2. Lindo depoimento, adorei!
    Mto motivador descobrirmos tantos colegas e amigos nessa greve......não estamos sozinhos. Acredito na união e com ela certamente vamos longe. Tb enxergo a greve mto além do dinheiro......foi respeito, foi dignidade, demonstrações de coleguismos, sentimentos de amor ao próximo.
    Parabéns aos colegas da comarca pela coragem e por essa manifestação. Juntos somos mais fortes.....outros greves virão e estaremos prontos.

    ResponderExcluir
  3. Parabéns ao pessoal de Guaramirim e a todos os outros das demais comarcas que seguiram o mesmo exemplo! A hora é de erguer o peito e ter orgulho do respeito mútuo e da união, das novas amizades e do fortalecimento das antigas, de todos os contatos fraternos ente os colegas antes impedidos pelos muros e paredes dos fóruns. Esse é o nosso maior ganho. Mesmo tendo recebido coisa diversa da direção do Sindicato e do TJSC.

    ResponderExcluir