28/05/2015

Afinal a greve é da categoria ou do SINJUSC?

         
Imagem do site todaletra.com.br
Esta é uma dúvida que paira na cabeça de vários colegas desde o início do movimento. Contudo, quem acompanhou todo o processo nos últimos anos do sindicato entende a pergunta e tem certeza de que a resposta é um pouco mais complexa, motivo pelo qual, a dúvida sobre o que aconteceu e a forma como aconteceu é comum. O SINJUSC fomentou a greve, mas teve dificuldades em apoiar o movimento por questões óbvias.


          É importante fazer estas análises pois em muitos colegas existe a dúvida. Mas não só nos colegas. Em um grupo de watsap um diretor da entidade reclamava: "antes a greve era da categoria, e agora a greve é do SINJUSC?". Para entender tudo isto é importante voltar no tempo e lembrar do discurso que permeou a campanha da atual diretoria. A mesma afirmava em 2013 que a greve era algo desnecessário, ultrapassado, que o importante era o diálogo, as modernas técnicas de negociação, que era necessário conhecer os vinhos e os carros que o Presidente do TJ gostava. Ou seja, as técnicas sindicais antigas, de greve, seriam desnecessárias com a implementação do diálogo, da política de portas abertas que estava prestes a se apresentar sendo esta chapa ungida tanto pela categoria como pelo Tribunal.

          O discurso da política de portas abertas se perpetuou por mais de um ano. Os cafezinhos e as reuniões que não levaram a lugar algum não eram problema para a Diretoria durante todo o ano de 2014. A não reposição do auxílio-alimentação, a falta de ganho real, a política de gratificação sendo exacerbada não eram um problema, afinal, agora (como se antes não houvesse) tínhamos a novidade do NPCS. Ou seja, saímos do PCS2 e tivemos a brilhante ideia de trocar o "2" ao final da sigla pelo "N" no início da nova.

          Então em 28 de fevereiro de 2015, ainda sem termos iniciado o ano com aquela vontade toda (muitos ainda em férias, outros em licença-prêmio) há uma assembleia geral em Lages. A categoria cansada de um ano sem ganhos vai para a serra querendo cobrar mais "ação" e de uma hora para outra o discurso do sindicato muda. Na introdução da assembleia o Presidente do SINJUSC lê seu discurso e fala que está cansado! Que o Tribunal de Justiça é um grande dinossauro que demora muito para se mover! Que se encerrou o diálogo com o Tribunal! Que está cansado da P$#@*&+! do Tribunal de Justiça! E que por isto tudo a Diretoria do Sindicato indicava pelo ESTADO DE GREVE! Tudo isto está no vídeo do youtube daquela assembleia, basta acessar.

           É um discurso diferente do discurso veiculado até então, onde tudo estava bem e sendo encaminhado adequadamente, até com notas conjuntas do TJ e do SINJUSC. Tal posicionamento da Direção do sindicato causou no mínimo um espanto para quem acompanha todo o processo e afirmo aqui, eu não estava entendendo nada de coisa nenhuma, afinal de contas eu conheço o colega Laércio e sinceramente não esperava vê-lo falando um palavrão numa assembleia. Ademais, a fala de um diretor do sindicato sobre a existência de um suposto dossiê que havia sido construído contra o Presidente do Tribunal de Justiça sobre improbidade administrativa (quem é que faz um dossiê contra um Desembargador me perguntou um outro colega?) me causou uma estranheza sem tamanho.

          Como dizia um amigo meu, "conjuminando" uma vontade da categoria em fazer ações mais impactantes com o discurso da diretoria podemos dizer que a Direção do SINJUSC se não queria fazer uma greve tentou apagar o fogo da categoria com uma bela gasolina. Ou seja, de Lages o povo saiu gritando: É Greve! É Greve! É Greve! E para tanto instituiu-se um Comando de Greve, deliberou-se por nova assembleia em Florianópolis em frente do Tribunal de Justiça com indicativo de Greve num movimento paredista e iniciariam-se todos os procedimentos a fim de tornar a greve legal.

          O Comando de Greve então se reuniu em Florianópolis e começou a trabalhar pela construção da greve. Deliberou-se pela execução de cartazes, botons, adesivos, faixas, folders, e toda uma série de materiais que deveriam ser construídos para fomentar o movimento e informar a população, o Tribunal de Justiça, os Advogados, o Ministério Público, entre outros. Construiu-se o manifesto do Comando de Greve. Contudo, diferente do discurso ventilado em Lages (do enfrentamento) o que se percebeu foi que o sindicato não produziu materiais. Não tocou mais na palavra greve. Não tinha um título de notícia com esta palavra. Na notícia sobre a assembleia de Lages só depois de ler toda a matéria é que os colegas poderiam entender que havia sido proposta a greve, pois seu título era mais ou menos esse: "Em Lages grandes decisões foram tomadas pela categoria". Motivo de muitas críticas dentro do próprio Comando de Greve.

          A Assembleia de 31 de março foi convocada. Estranhamente o sindicato não queria que fosse incluído como item de pauta a expressão greve. Foi uma briga chata de ser travada dentro do Comando de Greve ter que pedir para incluir na pauta daquela assembleia a palavra greve. Fomos hostilizados pela direção do sindicato mas ao final, após muita discussão a republicação do edital saiu vitoriosa. Sem este procedimento a greve já seria declarada ilegal desde o seu início. Ou seja, fica aqui a dúvida se realmente havia interesse em promover a greve já que em nenhuma assembleia a pauta estava lançada. Qualquer colega da categoria (mesmo não filiado) poderia dizer como testemunha no processo de julgamento da greve que o sindicato não havia em momento algum noticiado o assunto ou chamado assembleia para discutir o mesmo.

          Concluindo, a greve aconteceu por uma série de motivos. A categoria, como já falei noutro texto se superou e foi excepcional. Se uniu, se juntou e enfrentou o Tribunal de Justiça. O Comando de Greve em grande parte agiu de forma adequada, indo em alguns pontos além de sua real função, tendo em alguns momentos assumido até a função de direção, mas não importa, este não foi o problema. O Sindicato fomentou a greve em Lages, não sei se por receio da categoria e até agora não entendi os motivos, mas com certeza, como bem parodiou um amigo, tínhamos um belo carro, potente, rápido, campeão, mas infelizmente faltou um piloto. Finalmente acredito que uma nova greve é possível e adequada ainda este ano caso o Tribunal de Justiça não atenda nossas demandas, pois até mesmo o Rubinho Barrichelo já ganhou algumas corridas.

14 comentários:

  1. Estou a postos, esperando pelo retorno da greve, caso o TJ continue insistindo em nos tratar como lixo.

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  2. Pois então! Interessante esse fato né. É um paradoxo o fato da maior greve do Judiciário Catarinense ter ocorrido justamente sob uma direção sindical contrária a essa espécie de movimento.
    Considerando, de longe, mais de muito longe, a administração anterior do sindicato muito mais preparada à direção sindical que a atual, até pelo melhor assessoramento que tinham em virtude da maior intimidade com outras direções sindicais, inclusive, de âmbito nacional.
    Todavia, em que pese isso, não conseguiram levar a categoria a uma greve. Interessante, muito interessante isso.
    Talvez, não sei, isso tenha ocorrido pelo fato da proximidade deles com a política, com determinadas ideologias. Sabe, isso é um mérito da atual administração. Ela não demonstra proximidade com determinada classe política, em que pese, por óbvio, ter um viés político.
    Sabe, o povo tá enojado com a política, com os políticos e demais coisas do gênero.
    Entendo que a próxima direção sindical, deveria ser composta pela administração passada (são pilotos bem mais hábeis) com o espírito despolitizado da atual. Isso une, aproxima a categoria.
    Não sei se falei besteira, mas, é algo que imagino.
    Abraço a todos.

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    1. O amigo está certo em grande parte da análise. Talvez falte um pouco é de informação sobre a questão da ausência de política, ou proximidade com política, ou ideologia. A antiga direção, muitos sabem, tinha dirigentes filiados a partidos políticos, e isto foi muito bem explorado e divulgado pela atual administração do sinjusc em momento de eleição para o sindicato. Estranhamente nenhum dos antigos diretores do SINJUSC sequer foi candidato a qualquer coisa por partido, ou que algum colega tenha nos visto em manifestações da categoria portando a bandeira de um partido, a camiseta de outro ou o broche doutro. Mas a atual direção do sindicato também possui filiação político partidária. E mais, teve vários colegas candidatos e eleitos em várias eleições. Por exemplo, o colega Maurí Raul Costa, do jurídico. Foi candidato a Deputado Estadual pelo Democrátas, o colega Carlos Augusto Wehle, Secretário Geral do SINJUSC, foi candidato e eleito vereador pelo PSDB em São Joaquim, o colega Furlan, do Conselho Fiscal foi eleito vereador pelo PP no sul do estado, além disso há outros colegas filiados a outros partidos políticos. Muitos fizeram campanha eleitoral, pediram votos mas estranhamente ninguém falava nada. Não sei se pela opção partidária ou o que, mas sei que aos antigos diretores isto era taxado como um problema. Mas a concepção do colega está certa quando muitos acham que política é coisa ruim, mas na verdade é na política que podemos avançar, na ditadura, onde a política é uma só não aparecem as roubalheiras pois a tv, a rádio e o jornal não podem divulgar. A política é importante, todos fazemos ela, todos os dias, mas o importante é conseguirmos olhar para além daquilo que os meios de comunicação querem nos fazer pensar, pois só assim poderemos ir avançando. Isto que fazemos aqui no blog é política (você pode gostar ou não), mas nele conversamos, trocamos ideias, buscamos avanços, apresentamos informações, e o seu comentário também faz parte de uma grande cadeia política que existe em nossa sociedade. Forte abraço e obrigado por se manifestar.

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    2. Hum. O problema não está na politização ou não, mas de preconceito com determinado vies político então. Se de fato foi isso, foi uma atitude burra, pois nenhuma forma de preconceito é uma atitude inteligente. De qualquer forma, pensando melhor a respeito, essa greve foi fomentada e realizada pelos servidores e, não, pelo sindicato. Foram os servidores que levaram o sindicato à greve e, não, o sindicato que os levou. Acho que isso se deve em grande parte à democratização do acesso à internet, pois, através de blogs que nem esse, pudemos fazer, como vc falou, a boa política. Que bom isso, pois, independente do vies político da nova direção do sindicato, se for preciso os servidores irão para a luta. Apreendeu-se a se mobilizar a gostar de greve. Isso ante não existia de maneira tão intensa. O que importará no futuro, é que elejamos pilotos mais hábeis, não importa se vermelho, amarelo, azul ou verde. Vamos então fazendo a boa política em busca de um mundo melhor e mais justo.

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  3. Cara! Difícil sair outra Greve esse ano, pelo menos não com esse sindicato patronal que está aí. Penso que é melhor esperar e gostaria de sugerir que ninguém se desfilie, a fim de ano que vem eleger a turma do outro sindicato e aí sim! Estudaríamos e montaríamos bem uma equipe capaz de trazer bons proveitos para os TJA's perante a P$#@*& do TJ e, em sendo negado: "GREVE! Pra toda vida"!!

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  4. Paradoxo de verdade é depois de toda essa propalada "maior greve do Judiciário", a categoria ter conseguido MENOS aumento que nos anos anteriores. Anos nos quais em que sequer houve greve.
    Curioso, não? Interessante isso, muito interessante.

    O sucesso da greve deve ser medido pelo resultado. E o resultado, após muita expectativa criada pelo "N"PCS, vem se mostrando um completo fracasso, medido pelo próprio contracheque. Ou seja, a gestão atual do sindicato ainda não mostrou a que veio.

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  5. Cláudio, existe chance de o presida não cumprir nem a parte dele, dos 10% + 16%?

    Por que esse silêncio tumular do TJ após o fim da greve?!

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    1. Difícil responder. Acho que não terá problema em cumprir a palavra, mas também acho que dependerá muito da atuação dos dirigentes do nosso sindicato. O que faltou mais do que tudo até agora foi percepção de confiança na direção do mesmo, seja por parte da categoria seja por parte do TJ. E isto não é fácil de corrigir.

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  6. O movimento tinha cabeça sim, mas infelizmente estavam do lado de cá (servidores), e não do lado de lá (sindicato). Insisto na ideia de assembleias regionais (sem a presença do sindicato), para avaliarmos e discutirmos questões pertinentes ao movimento, e escolhermos nomes para possível composição de chapa às eleições sindicais.

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  7. Perguntas não querem calar:
    Porque o sindicato deixou de querer que a greve fosse deflagrada?
    Porque, no auge da greve, sem qualquer motivo, o sindicato desistiu?
    Como enfrentar uma nova greve com a mesma direção do sindicato?

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  8. Creio que ambos estão certos, mas um fala da politicagem, outro de política. Com relação ao texto, creio que se encaixa muito bem nos acontecimentos e aclara muitas dúvidas.

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  9. O grande problema da chapa do Claudio, a meu ver, foram os vínculos com a esquerda podre do país. Poucos gostam do PT e do PCdoB aqui no sul. Podem ver, não se viam bandeiras e nem camisas vermelhas em nossas assembleias.

    Depois aquele rolo todo que armaram com a magistratura (elevador do TJ, reclamação no CNJ e etc), que culminou na quase extinção do vale peru em 2012 e nas portas fechadas do Tribunal, também desgastou bastante a turma do Claudio.

    Por fim, as eleições que restaram impugnadas, com direito a turma de capoeira e advogado do sindicato defendendo a chapa1, foi o circo que enterrou de vez eles.

    Mas de fato, ninguém nega que eles são mais preparados que a atual turma do Inércio no ofício de sindicalistas.

    Enfim, precisamos de sangue novo. O Inércio não deve se candidatar mais, ainda bem...

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    1. O preconceito com partidos políticos é algo que deve acabar ao meu ver. Isto não deve ser fator para desabonar ninguém. E não falo isto por ser filiado a um determinado partido, pois tenho amigos e converso com todas as matizes políticas partidárias possíveis, isto é a essência da política. O colega demonstra o seu preconceito ao falar de "esquerda podre do país", vinculando-a a partidos que alguns ex-diretores são filiados, mas não vou aqui ficar batendo boca ou falando mal do PSDB, do PP ou do DEM. Não é o propósito deste blog. Quanto a percepção também equivocada sobre os pleitos efetuados em 2012 é pelo fato do amigo não entrar no protocolo administrativo do TJ e perceber que o SINJUSC da atual diretoria também questiona o estacionamento privativo do TJ. Também não observa que a impugnação da eleição foi feita pela Comissão Eleitoral e com o de acordo do Laércio em ata assinada por este. Mas são os preconceitos bobos que alguns pretendem fazer perpetrar. Se o Laércio não será mais candidato eu não sei, em política sempre há a possibilidade de ressurgir. Para o amigo, tão antenado na "esquerda podre", sugiro o amigo acessar o link que trata da pureza dos colegas que hoje atuam em nossa direção sindical: https://www.tre-sc.jus.br/site/imprensa/noticia/arquivo/2010/agosto/artigos/candidato-e-intimado-a-interromper-propaganda-no-forum-de-fraiburgo/index.html

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    2. Os deputados que mais defenderam a categoria foram os do PT de Santa Catarina, chama-los de "esquerda podre" quando eles estão do nosso lado é, no mínimo, burrice.

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