26/05/2015

A volta ao trabalho e encarar o colega e o magistrado (pode ser bom, pode ser ruim)

Imagem do blog topblog.com.br
          A volta ao trabalho após uma greve é sempre algo estranho. Cada um vive uma realidade e para uns é mais fácil que para outros, mas é sempre algo que a gente fica se sentindo meio que um peixe fora d'água. Caso a greve tivesse sido vitoriosa já neste primeiro momento, com a conquista do NPCS, tudo bem, mas do jeito que foi sempre é mais difícil de voltar. Alguns ficam com a sensação de que o outro colega vai dizer: "eu avisei", sempre vai ter aquele desgosto com o colega que ficou trabalhando e não aderiu a greve. Mas o interessante é o que percebi nos grupos de watsap que os colegas afirmaram que a volta seria complicada (não em todos os casos) por conta da magistratura.

          A magistratura não age de forma única. Há vários magistrados, com várias formações, com várias vivências, com várias concepções de vida e sociedade (ainda bem). Obviamente que se comportam (da mesma forma que nós) de forma corporativista e buscam também o seu benefício quando possível. Mas nesta greve enxerguei um pouco dos dois lados nestas últimas horas, colegas que agradeceram a forma como os magistrados atuaram e outros não querendo ver a cara do diretor(a) do foro.

          Vi até um texto que achei muito interessante de um magistrado que encaminhou email para os servidores da comarca. Um diretor do foro ao que parece. Apoiando o direito de greve, dizendo que as divergências são importantes na democracia e uma série de citações que se não foram interessantes ao menos mostraram que ele não é uma pessoa fechada ao diálogo. Outros colegas também elogiaram a postura de alguns magistrados informando que os mesmos vinham no comando de greve local, conversavam, trocavam ideias, davam apoio sem interferir no movimento. É o mínimo que se espera, ao final, são pessoas que sabem o que passamos também. Por outro lado há os exemplos que não são nenhum "exemplo".

          A conversa de colegas que colegas agradeciam que o magistrado não estava, que era feriado, que isto ou aquilo deixa a gente bem preocupado. As perseguições não devem ser admitidas e devem ser encaminhadas estas denúncias para o SINJUSC. Colegas que falaram que a perseguição já começou, de gente que pode ser colocada à disposição a qualquer momento e coisas do gênero também são comuns (mas não são normais ok?). Mas o mais importante é perceber que há diferenças entre alguns magistrados. Isto é fundamental pois evidencia que o judiciário também é um Poder em disputa. Disputa de ideias e ideais e para tanto seria fundamental que este Poder pudesse ser disputado no voto, na decisão dos magistrados, dos trabalhadores, do povo por sua maioria conforme preceitua a Constituição.

          As correntes, ou alas, ou grupos existentes na magistratura se refletem no Tribunal Pleno. Refletem na existência de divergência entre ideais que existem ali e que precisam sim ser trazidos a limpo para a sociedade e para os trabalhadores. Alguns Desembargadores foram favoráveis a existência de uma Resolução para regulamentar a greve, e é bom lembrar, nem todos o foram. Alguns Desembargadores, mais democráticos ou avançados foram contrários àquela Resolução, taxando-a de draconiana. Desembargadores mais conservadores tentaram aplicar imediatamente aquele ato anti-democrático e sabidamente inconstitucional.

          A disputa existente dentro do Tribunal de Justiça irá se manifestar novamente ao final do presente ano e a mesma já começa a acontecer a partir de agora. Quem diz que a nossa greve não foi importante para decidir o futuro do Tribunal de Justiça? Quem diz que não foi interessante para algum grupo a existência ou não desta greve? No início deste ano estava em disputa estava uma cadeira de Ministro do STJ, e com certeza alguém queria ocupá-la, enquanto noutro grupo alguém queria que ela não fosse ocupada por este alguém. As disputas e divergências que acontecem na magistratura podem escorrer para a categoria é bom lembrar. É importante perceber movimentos, momentos, ações e nomes que agiram nesta greve. Magistrados há para todos os gostos e afirmo aqui: prefiro os mais democráticos.

6 comentários:

  1. Difícil falar ou acreditar em democracia quando, ao decidirem sobre a votaçao do eleitoral, 19 membros no pleno (contra 25) votam para defender descumprimento escancarado de norma expressa da Constituiçao (q exige voto secreto) alegando a "tradiçao" da Casa em votar aberto.
    Cara de pau? Tirania? Senilidade? Nao sei. So sei q ver um tribunal votar apertado se deve violar a lei e a CF é deveras preocupante. Se nao respeitam a lei, como respeitarao a moralidade com o dinheiro publico? Como respetarão o servidor? Deus me proteja de ter a vida decidida nas maos de um destes caso eu seja parte em algum processo.

    ResponderExcluir
  2. Alguns magistrados amargos e autoritarios q se acham deuses a gente ate ja esperava. Pior foi alguns, com bom historico e outros ate com pouco tempo de toga que deixaram a mascara cair e revelaram o q possuem dentro d seus coraçoes: odio, soberba, indoferença c o servidor q o auxilia... pena desses.. devem descontar fora a infelicidade e frustracao internas q possuem.
    Prefiro ser um servidor bem quisto e cheio d amigos, ser lembrado, a ser um magistrado q ng admira, nao tem amigos e q qnd morrer nao fará falta

    ResponderExcluir
  3. Ontem, primeiro dia de trabalho após vários dias de greve, senti vontade de vomitar quando entrei no recinto do judiciário catarinense.

    ResponderExcluir
  4. Muito bom anônimo 2 Marco TJA

    ResponderExcluir
  5. A vida dá voltas. O autoritarismo de hoje dará lugar à democracia de amanhã, e a demora pra isso acontecer, pouco importa. A República exige mandatos periódicos e cada gestão deixará sua marca. Os democráticos entrarão para a história, os viciados no poder perderão identidade (e dignidade) ao lhe retirarem o título à frente do prenome.

    ResponderExcluir
  6. Eu não lamento quando leio as notinhas de falecimento de magistrados.
    Sinto pelas mortes anônimas, que, por não serem "autoridades", ninguém noticia.

    ResponderExcluir