09/01/2016

2015 e nossos “Nervos de Aço”

Imagem do site baixarimagensgratis.org
          Pensar sobre o ano de 2015  me fez lembrar de um conceito.  Os livros   e sites de psicologia falam muito sobre a “resiliência”: (algo como)  capacidade de um indivíduo  para  enfrentar  problemas,  resistir à pressão, vencer obstáculos.  Reinventar-se!!! Alguns autores afirmam  ser esta uma habilidade tão importante quanto  a força ou a inteligência.  O ano de 2015, ainda no seu  finalzinho,  nos colocou  à prova.

          Há muito eu ouvia a expressão “partido pelego”, “sindicato pelego”, “amigo pelego” mas, talvez, por não ter nada disso perto de mim, eu  não tinha um  alcance muito preciso do que isso significava ou em quê  resultavam as  consequências.   Trabalhei na iniciativa privada,  depois como servidora pública em outro Poder e, neste ano,  no Judiciário, pude   vivenciar   como é ser dirigida por um “sindicato pelego”.  Causou-me insônia e angústia.

          Que existam  tensões entre as pontas opostas em uma relação de trabalho já é sabido, afinal, a consciência de que o bem coletivo deve superar  a vantagem  individual ou de pequenos grupos, em nossa sociedade, ainda é pensamento bastante incomum e audacioso .  Para nobres, eu diria.

          Descrédito (que beirou o  desespero), porém,   entre   uma categoria profissional  e seu sindicato é algo impensável.  Inclusive por aqueles que  creditaram–lhe o seu voto. Assembleias realizadas à deriva;  estratégias pífias ou inexistentes para conduzir uma greve, ausência de explicações aos servidores; ausência física dos dirigentes em momentos críticos das mobilizações;  falta de transparência  nas negociações;  posturas dos dirigentes sindicais que tinham o gosto do gol-contra  foram alguns dos cenários  para o espetáculo de 2015.  Além do mais  – como se ainda  fosse possível “haver mais” -  a negociação do NPCS deixando um cheiro de nati-morto no ar,  afinal, o que é pior, colegas :  (a) não haver NPCS ou (b) NPCS fictício (ou fantasioso), que traz vantagens reais ao servidor em um futuro distante??? As duas opções são terríveis. 

          De outro modo,  a administração do Tribunal de Justiça insistiu em fechar as portas   para uma gestão mais motivadora que prestigiasse os servidores: nenhuma negociação ou anistia ao restante dos dias de greve; bloqueio, por longo tempo, às promoções; indisponibilidade financeira para  a implementação de um novo Plano de Cargos que realmente contemplasse o servidor;  nenhuma notícia de abono natalino, enquanto que, para o segmento da magistratura, um rio de pagamentos “atrasados”. À  época do Império, talvez, tal quadro não soaria estranho. Mas em tempos de democracia, Lei de Transparência,  grande produção intelectual sobre Gestão Pública e mais especificamente, sobre Gestão de Pessoas, Lei de Responsabilidade Fiscal, etc.,  tais notícias soam bem caricaturais.

          Enfim vejo que são tempos para exercitarmos a resiliência.   

A- Devemos nos lembrar (e lembrarmos aos gestores do  Tribunal ) que somos nós, servidores, majoritariamente, os responsáveis  pelos bons índices de produtividade da Casa. 

B- Devemos nos  lembrar (e lembrar  à direção do SINJUSC) que  a cada um de nós compete  a reflexão e direção do  voto nas próximas eleições.

C- E enquanto isso, devemos nos lembrar (e lembrar a cada colega) que toda capacidade de organização e a disposição para o debate e para as reivindicações “florescidas” NOS servidores e COM os servidores, no contexto da greve deste ano, bem  como as amizades surgidas em face do contato entre setores e comarcas,  devem ser  mantidas  e levadas a diante. 

          Um novo perfil, talvez,  de funcionalismo do Judiciário deu as caras em 2015. Mais envolvido, mais crítico, mais mobilizado, mais participativo.  Foi um ano difícil, mas  é a lembrança da força de nossa organização  que , penso, devemos trazer para o atual  2016.

Marcéli Possamai - Capital

4 comentários:

  1. Chega de 2015!!, tá faltando assunto pra pauta????

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    1. Não falta assunto colega. Mas foram artigos encaminhados por colegas que ainda faltavam ser publicados. Seria falta de educação não respeitar o trabalho que os mesmos tiveram em nos apresentar suas considerações sobre o ano de 2015. As publicações estão um pouco lentas pois, em férias, o importante é cuidar dos filhos, ir na praia aproveitar os dias de sol e curtir o que há de bom. Aos poucos vamos começar a rotina de fazer publicações mais diárias e relativas aos demais temas do judiciário. Desculpe se estamos "lentos" nas publicações, mas é necessário se afastar um pouco do judiciário, mas obrigado pela cobrança.

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    2. Desculpe, mas é que 2015 é um assunto delicado, nada pessoal. Grande abraço!

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  2. Fico pensando com que armas podemos lutar, haja vista que ficamos limitados apenas ao campo político.

    Minha opinião é que, contra o Poder Judiciário, é preciso mexer fundamentalmente na estrutura de Poder.

    Nossa legislação é extensa e complicada, tornando muito difícil uma interpretação objetiva das leis, o que permite todo tipo de medidas procrastinatórias, seja para a garantia do Poder, ou para a aniquilação das manifestações democráticas. Com relação ao Poder Judiciário isso fica ainda mais evidente.

    Não basta apenas ficar criticando este ou aquele sindicato; este ou aquele magistrado. É preciso reduzir o tamanho e a complexidade do Estado.

    Desculpem eu insistir nesse assunto, mas é a única maneira que eu vejo para uma mudança mais concreta e significativa.

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