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Há muito eu ouvia a expressão “partido pelego”, “sindicato pelego”, “amigo pelego” mas, talvez, por não ter nada disso perto de mim, eu não tinha um alcance muito preciso do que isso significava ou em quê resultavam as consequências. Trabalhei na iniciativa privada, depois como servidora pública em outro Poder e, neste ano, no Judiciário, pude vivenciar como é ser dirigida por um “sindicato pelego”. Causou-me insônia e angústia.
Que existam tensões entre as pontas opostas em uma relação de trabalho já é sabido, afinal, a consciência de que o bem coletivo deve superar a vantagem individual ou de pequenos grupos, em nossa sociedade, ainda é pensamento bastante incomum e audacioso . Para nobres, eu diria.
Descrédito (que beirou o desespero), porém, entre uma categoria profissional e seu sindicato é algo impensável. Inclusive por aqueles que creditaram–lhe o seu voto. Assembleias realizadas à deriva; estratégias pífias ou inexistentes para conduzir uma greve, ausência de explicações aos servidores; ausência física dos dirigentes em momentos críticos das mobilizações; falta de transparência nas negociações; posturas dos dirigentes sindicais que tinham o gosto do gol-contra foram alguns dos cenários para o espetáculo de 2015. Além do mais – como se ainda fosse possível “haver mais” - a negociação do NPCS deixando um cheiro de nati-morto no ar, afinal, o que é pior, colegas : (a) não haver NPCS ou (b) NPCS fictício (ou fantasioso), que traz vantagens reais ao servidor em um futuro distante??? As duas opções são terríveis.
De outro modo, a administração do Tribunal de Justiça insistiu em fechar as portas para uma gestão mais motivadora que prestigiasse os servidores: nenhuma negociação ou anistia ao restante dos dias de greve; bloqueio, por longo tempo, às promoções; indisponibilidade financeira para a implementação de um novo Plano de Cargos que realmente contemplasse o servidor; nenhuma notícia de abono natalino, enquanto que, para o segmento da magistratura, um rio de pagamentos “atrasados”. À época do Império, talvez, tal quadro não soaria estranho. Mas em tempos de democracia, Lei de Transparência, grande produção intelectual sobre Gestão Pública e mais especificamente, sobre Gestão de Pessoas, Lei de Responsabilidade Fiscal, etc., tais notícias soam bem caricaturais.
Enfim vejo que são tempos para exercitarmos a resiliência.
A- Devemos nos lembrar (e lembrarmos aos gestores do Tribunal ) que somos nós, servidores, majoritariamente, os responsáveis pelos bons índices de produtividade da Casa.
B- Devemos nos lembrar (e lembrar à direção do SINJUSC) que a cada um de nós compete a reflexão e direção do voto nas próximas eleições.
C- E enquanto isso, devemos nos lembrar (e lembrar a cada colega) que toda capacidade de organização e a disposição para o debate e para as reivindicações “florescidas” NOS servidores e COM os servidores, no contexto da greve deste ano, bem como as amizades surgidas em face do contato entre setores e comarcas, devem ser mantidas e levadas a diante.
Um novo perfil, talvez, de funcionalismo do Judiciário deu as caras em 2015. Mais envolvido, mais crítico, mais mobilizado, mais participativo. Foi um ano difícil, mas é a lembrança da força de nossa organização que , penso, devemos trazer para o atual 2016.
Marcéli Possamai - Capital
Chega de 2015!!, tá faltando assunto pra pauta????
ResponderExcluirNão falta assunto colega. Mas foram artigos encaminhados por colegas que ainda faltavam ser publicados. Seria falta de educação não respeitar o trabalho que os mesmos tiveram em nos apresentar suas considerações sobre o ano de 2015. As publicações estão um pouco lentas pois, em férias, o importante é cuidar dos filhos, ir na praia aproveitar os dias de sol e curtir o que há de bom. Aos poucos vamos começar a rotina de fazer publicações mais diárias e relativas aos demais temas do judiciário. Desculpe se estamos "lentos" nas publicações, mas é necessário se afastar um pouco do judiciário, mas obrigado pela cobrança.
ExcluirDesculpe, mas é que 2015 é um assunto delicado, nada pessoal. Grande abraço!
ExcluirFico pensando com que armas podemos lutar, haja vista que ficamos limitados apenas ao campo político.
ResponderExcluirMinha opinião é que, contra o Poder Judiciário, é preciso mexer fundamentalmente na estrutura de Poder.
Nossa legislação é extensa e complicada, tornando muito difícil uma interpretação objetiva das leis, o que permite todo tipo de medidas procrastinatórias, seja para a garantia do Poder, ou para a aniquilação das manifestações democráticas. Com relação ao Poder Judiciário isso fica ainda mais evidente.
Não basta apenas ficar criticando este ou aquele sindicato; este ou aquele magistrado. É preciso reduzir o tamanho e a complexidade do Estado.
Desculpem eu insistir nesse assunto, mas é a única maneira que eu vejo para uma mudança mais concreta e significativa.