21/12/2015

A Crise Brasileira de 2015 não é uma Cabeça de Bacalhau!!

       
  Meu colega Claudio solicitou-me um texto com uma análise pessoal sobre o ano de 2015.

          É uma análise complicada porque se tivesse como definir 2015 em uma só palavra para o Brasil, esta palavra seria Crise. Uma categoria dificílima de ser conceituada, tendo em conta a variedade de suas formas, mas que devido às circunstâncias tendenciosas que vem sendo noticiada, merece uma análise sob um ponto de vista, minimamente global.

          Nem o mais otimista dos brasileiros poderia negar que 2015 foi um ano de crise, pois este foi o argumento utilizado por cientistas, políticos, jornalistas, economistas e até mesmo por juristas para formulação de um cenário político econômico brasileiro, apto a balizar as estratégias administrativas de cada setor.

          O problema é a natureza desta crise que apresenta focos ora na política e ora, na economia do país.

          Com relação à política, o foco em 2015 foi a corrupção e a prevalência de interesses privados que contamina o Executivo e o Legislativo. Uma crise com testemunhos da mesma natureza desde o nascedouro da República Brasileira.

            Fundada por meio de um golpe militar, uma revolta contra a monarquia que havia abolido a escravidão e visava colocar uma mulher no Poder, a República Brasileira nasceu sob os auspícios da busca de “legitimidade” para governar. O mesmo cenário político de “busca de legitimidade” justificou o período “antidemocrático” ditatorial de 1964-1985. Em suma, a República Brasileira, desde sempre, foi dominada por corrupção. Trata-se de uma endemia, cujo combate tem se mostrado trabalhoso e infrutífero.

          A análise de crise dos dados econômicos brasileiros de 2015 também não apontou novos focos. Ela trouxe como carro chefe, a desvalorização da moeda brasileira que, desde sua implementação, apresenta um gráfico peculiar de desvalorização em relação ao dólar, com nítido agravamento a partir de 2012 e outros dados como inflação (9,3%), desemprego (7,9%) e queda no Produto Interno Bruto (-3,1%). (Fonte: The Economist, 05.12.2015)

          Como a crise aparenta ser generalizada e revestida de focos velhos conhecidos da República brasileira, a superação dela ainda é uma incógnita. Trata-se de um atoleiro, um lamaçal, no qual encontra-se enfiado toda a classe política e detentora do poder econômico, que traz por arrastão toda a população brasileira que, efetivamente, amarga o fel da baderna.

          Por outro lado, os problemas enfrentados pelo Brasil ainda são os mesmos problemas sociais desde sempre: a indiferença com a “res” “pública”, com educação pública e de qualidade para todos, com mídia e comunicação minimamente coerente, com um mínimo ético e social que deveria ser (ou ter sido) garantido pelo Estado. 

          Urge o respeito à Constituição e o reconhecimento de que os direitos nela positivados só existem se estiverem, na prática, sendo reconhecidos e garantidos. Neste contexto, vale lembrar que a égide da Constituição de 1988 não será plena enquanto o poder ainda estiver sendo exercido pelos mesmos governantes e pela mesma elite econômica da era ditatorial, do poder sem limites, do autoritarismo e da indiferença. Urge que o poder e a democracia estejam unidos e que a Constituição de 1988 seja realidade na prática e no dia a dia do brasileiro.

Pedro Walter Guimarães Tang Vidal - TJSC

Nenhum comentário:

Postar um comentário