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Dizer que o judiciário pode fechar determinadas comarcas com a redução do repasse do duodécimo é um absurdo. Primeiro porque se o Tribunal de Justiça está se propondo em pensar em fechar alguma comarca é porque quando abriu uma ou outra comarca o fez sem pensar nos objetivos técnicos. Isto é, não pensou na demanda da população catarinense, talvez tenha pensado simplesmente em satisfazer um desejo pessoal ou político na abertura desta. E agora, quando a água começa a chegar no pescoço, usa-se o argumento de falta de verba para fechar uma comarca que talvez nunca precisasse ter sido aberta.
Mas voltando ao caso da falta de dinheiro é importante lembrar ao Tribunal de Justiça que a sobra de verba é grande. Há um contingente enorme de cargos puramente comissionados que podem ser reduzidos antes de se pensar em fechar alguma comarca. Se cada magistrado e cada desembargador(a) reduzir em apenas um assessor haverá uma sobra de recursos que será maior do que a redução prevista com o congelamento do repasse do duodécimo. Ou talvez acabar com aquela verba de "representação" que os diretores do Tribunal de Justiça recebem além dos vultuosos cargos comissionados.
Se pegarmos então as empresas terceirizadas que consomem milhões de reais do judiciário catarinense (e com um descontrole e desnecessidade enormes muitas vezes) o caixa do Tribunal também teria um saldo considerável. O ralo por onde escorre o dinheiro do judiciário é uma verdadeira "boca de lobo" (no sentido destas que existem nas ruas a fim de dar vazão num dia de chuva forte, que fique bem claro) e ele precisa ser analisado com muito mais atenção.
Poderia também falar que na verdade o judiciário teria o direito de receber o dobro de recursos que são hoje passados pelo duodécimo, pois metade da arrecadação de impostos do Estado não é encaminhado para o judiciário por conta dos fundos constituídos (dinheiro carimbado), motivo pelo qual apesar de uma grande arrecadação a divisão via duodécimo fica sempre prejudicada, pois é sempre o Executivo que diz se o dinheiro "X" vai ou não para o duodécimo.
Concluindo, em tempos de crise tudo passa a ser um motivo para contingenciar gastos, reduzir benefícios, achar culpados. Mas também é nestas horas que devemos ter a clareza objetiva de perceber onde os desmandos, onde as farras com o dinheiro público, onde o descontrole de gastos, onde a falta de democracia faz sangrar os cofres da população catarinense, que é a que mais sofre com este "desplanejamento" que existe no judiciário e no Estado catarinense.
Não sejamos inocentes, a criação de uma comarca é um ato político. A redução do duodécimo é um ato político. Para o TJSC fazer pressão ele tem que atingir o parlamentar que teve a ideia e a melhor forma é atingir aquilo que o parlamentar tem de mais valioso, sua base eleitoral. Muitos parlamentares se vangloriam de que foram eles que conseguiram a criação da comarca. Assim, o TJSC faz uma pressão psicológica nos deputados, jogando a responsabilidade para eles da extinção das comarcas. Lembrando que o deputado autor da proposta é do oeste do estado, curiosamente a região onde tem mais comarcas pequenas, sujeitas a extinção.
ResponderExcluirClaro que o corte no duodécimo é ruim para a categoria. Mas precisamos fazer as contas pra entender o terrorismo do TJSC quando fala em fechar comarcas:
ResponderExcluirUm "ascensor" de gabinete custa R$ 5687 só de salário (DASU3) e Aux. Alimentação (fora as verbas para a previdência e demais auxílios). Um cálculo simples, considerando que temos pouco mais de 500 magistrados, dá uma economia de R$ 2,9mi ao mês, ou seja, mais de R$ 32,5mi por ano.
Segundo o DC (http://diariocatarinense.clicrbs.com.br/sc/geral/noticia/2015/07/sindicatos-de-servidores-criticam-proposta-de-emenda-que-muda-calculo-do-duodecimo-4797369.html), o TJSC perderia cerca de R$ 34 mi com esta mudança no duodécimo. Ou seja, já está quase garantido, sem fechar comarca e sem demitir nenhum servidor concursado.
Nelsinho, tu não me enganas.