08/01/2015

2014: Um ano de perdas para o trabalhador

     Pela primeira vez em vários anos chegamos ao final de um exercício sem a recomposição do auxílio-alimentação.  A última vez que ocorreu o ajuste foi em janeiro de 2013, há uma defasagem de dois anos sobre o auxílio, ou seja, 15,3345% conforme índice do custo de vida acumulado no período calculado pelo DIEESE. Assim, R$ 153,34 (cento e cinquenta e três reais e trinta e quatro centavos) que mensalmente são surrupiados do trabalhador. Além disto, um abono de natal (R$ 4 mil) que não foi pago, um ganho real de 4% que não existiu, a solução da disfunção que não aconteceu na ALESC, o nível superior dos Técnicos Judiciários Auxiliares que transita de um lado ao outro do TJ e a Segurança Jurídica dos Escrivães e Secretários de Foro não foram garantidas em 2014.

     A perda remuneratória, num período de crise como vivemos, se faz sentir mais forte. A ausência de espaço para debater (com a retirada dos comentários da página do sindicato) limita a possibilidade de discussão e avanços. Enquanto isto, a magistratura, como se diz no jargão popular “nada de braçada”. A partir de janeiro de 2015 terão um incremento de 14,6%, a PEC 63 está para ser votada no Senado e garantirá 35% de aumento para muitos magistrados (e lá aprovada não carece sequer de sanção da Presidência), a LOMAN está para ser reescrita e inflada de benefícios como já apontado no site. Ou seja, o problema não é financeiro e tampouco orçamentário, o problema é um problema político.

     Além disto a URV, já paga aos magistrados catarinenses e para todos os trabalhadores do judiciário do Brasil não é reconhecida para nós desde o ano 2000. São 11,98% que são retirados do nosso salário mensalmente e que poderiam garantir uma vida mais tranquila para os trabalhadores. Hoje somos também (os efetivos), em menor número do que os trabalhadores precários. Estagiários, terceirizados, à disposição, voluntários, comissionados são a maioria da mão-de-obra do Poder Judiciário Catarinense. A precarização avançou. fez e faz suas vítimas. O cenário mais claro e que demonstrou para onde caminha a terceirização foi a constatação de trabalhadores que atuavam sem carteira assinada no Arquivo do Tribunal de Justiça, que solidariamente, deverá arcar com os custos desta injustiça praticada (a Justiça do Trabalho já julgou dezenas de causas e o TJSC deverá pagar por isto).

     O NPCS não avançou um milímetro em 2014, até ser protocolado foi praticamente um martírio. A gratificação de nível superior, ampliada para 50% apenas para os formados em Direito e que deveria valer já a partir de janeiro de 2015 sequer foi apreciada pelo Conselho de Gestão, e tampouco pelo Tribunal Pleno. O auxílio-saúde que beneficia apenas quem tem dinheiro para pagar uma agência privada (trabalhadores do SCSAÚDE são excluídos do benefício), ou seja, os mais pobres continuam mais pobres enquanto os magistrados e os altos cargos comissionados do Tribunal de Justiça garantem seus benefícios.

     Pequenos atos que dependem apenas de nós, trabalhadores, foram abandonados. O Encontro da Experiência não aconteceu em 2014. Apenas uma Assembleia Geral ocorreu nos últimos 14 (quatorze) meses. Nossa possibilidade de manifestação em comentários no site foram excluídos e bloqueados. Nossa história foi apagada. A publicação dos “balancetes mensais”, que tornaria mais transparente a gestão do sindicato não existiu. Emails não são respondidos e telefonemas não são atendidos. As visitas às comarcas e os encontros dos trabalhadores deixaram de acontecer.

     Um 2014 de perdas exige um 2015 de ação, de luta, de organização e debate. Perder faz parte do jogo e nunca podemos esquecer que é a possibilidade mais natural quando enfrentamos quem enfrentamos. Mas deixar de lutar e de agir não pode ser opção de quem é oprimido. Não está morto quem peleja. Que 2015 seja um ano de muitas batalhas, pois das lutas nascem as vitórias.

14 comentários:

  1. Claudio,
    Parabens pelas palavras. Ilustram nossa triste situaçao. Vamos nos unir colegas e lutar pelos nossos direitos basicos.

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  2. Colegas,

    2015 precisa ser o ano da mudança. Infelizmente esta atual diretoria do SINJUSC faz "vista grossa" aos nossos problemas. Os pedidos deixados para trás já foram esquecidos. Fizeram questão de esquecer. Adoram "apagar o fogo" quando os filiados se incendeiam e exigem manifestação. Olhando o site do sindicato, parece que está tudo às mil maravilhas. Tudo excelente. É tudo falso! Sem união da nossa categoria, não receberemos nada, entendam isso. Querem maiores exemplos como o PLC dos TJAS, ABONO e nossos reajustes real e da alimentação que sequer foram analisados?

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  3. Meu Deus, que triste ler tudo isso aqui... Será que o Sr. LAERCIO e aquele povo agora da atual gestão do sindicato chegam a ler tudo isso aqui tbm??? Estou muito triste e desacreditada com tudo que vem acontecendo conosco! Tbm acho um absurdo eles terem limitado o espaço para comentários no site... mas por que será? Sem esperança, é assim que eu me sinto!

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  4. Se sou presidente do TJSC teria vergonha... Explorar o pobre servidor enquanto nado no $$$...

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  5. Me sinto exatamente assim.... A justiça...mais injusta desse pais...
    Ainda pior e a passividade dessa classe de trabalhadores.... Como estivessem pleiteando algo que nao "merecem"....
    Magistrados sempre "merecem"....e ganham....



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  6. Sempre tive reservas quanto ao antigo sindicato, desaprovando alguns modus operandi e algumas ligações com grupelhos políticos.
    O que me incomodava, principalmente, eram os constantes embates, afrontas, o tom usado para se dirigir à presidência. Pensava eu, na minha ignorância, que tais atitudes somente causariam aversão à classe e por parte da presidência do TJ.
    Nesse sentimento, apoiei fervorosamente a eleição da nova chapa do sinjusc (atualmente no poder), pensando - que ingênuo... - que eles trariam um novo gás, menos barulho e mais ação.
    Pois não vi nem barulho, muito menos ação.
    Hoje, vendo o desenrolar do vale-peru, vejo como eu era feliz e não sabia com o antigo sinjusc.
    Essa presidência ja provou que sem paulada e pedrada a coisa não anda. O diálogo não resolve, as súplicas pouco adiantam. A língua que eles entendem é a do motim. Poderíamos aprender com os motoristas de onibus da capital, que fazem uma greve por semestre...
    Fato é que, se antes eu não me sentia representado (porque meus representantes de classe odiavam minha condição de comissionado), agora me sinto sem representação alguma, diante de uma presidência que não se digna nem a fornecer um comunicado interno elucidando o andamento dos fatos.
    Meu resumo é o seguinte:
    Uma saudade: do antigo sinjusc, que mesmo me odiando, lutava por mim, indiretamente, pois tudo que conquistavam refletia no meu salário.
    Um arrependimento: apoiar a eleição do novo sinjusc
    Uma decepção: trabalhar feito um cavalo, tornar o TJSC um dos mais produtivos do país, e não ter um presidente capaz de perder 10 minutos do seu dia para comunicar aos seus servidores o andamento de um abono mais do que merecido (que na verdade deveria ser pago em 12 meses integrando a remuneração, 13º e férias, e não em forma de esmola de fim de ano.

    Fica a reflexão, atual sinjusc até quando?

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    1. Eu tbm me arrependo de ter apoiado (e votado!) a nova formação do nosso sindicato. Que bela papagaiada!

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    2. É foda amigo(a)... eu quero mais é que o antigo sinjusc volte ao poder logo e que o pau quebre forte. To cansado de fazer parte de um Poder que não valoriza seus principais agentes (os servidores que fazem tudo andar) e privilegiam magistrados.

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    3. Sábias palavras, Anônimo09/01/15 07:58 !!!!

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  7. Existe alguma forma de fazer nova eleição para o SINJUSC, em razão da total inércia da atual diretoria? Porque, sem isso, todo o restante será praticamente impossível.

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  8. Cláudio, boa noite! Você que é bem informado,pode me dizer? É verdade que o Governador irá vetar o abono?

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    1. Boa noite amigo. Eu não sou bem informado não, mas a gente vai vendo o que vai acontecendo e a experiência ajuda em algumas coisas. A percepção que tenho é que o Governador não irá se manifestar. Mas o importante era o sindicato fazer uma pressão sobre o Presidente do TJ e cobrar uma posição dele. A pergunta que fica é, se já foi pago para a ALESC, para o TC, qual o motivo de não sancionar o nosso? Abraço forte.

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  9. Depois de tanta enrolaçao com esse abono... So espero alg ganho real a nos msm... Cm disse o colega acima.. Q incida em ferias, 13, pgto de td q e direito q foi negado ou deixado de lado, devido a falta de prazos, cobranças, vontade.... etc...
    Esse sindicato nao tem postura ... So sai na fotinho pra por no site... E dxar os menos avisados felizes rsrsrs.....
    Merecemos muuuito mais!!!! Trabalho muito.... Trabalhamos muito.....
    Força pessoal.... Nao tenham vergonha de exigir o q e de seu direito....
    Inercia nao leva a nada e nem lugar algum...
    E isso q TJ e sindicato querem.... Cordeirinhos!!!!!
    ACORDEMOS PARA A REALIDADE.... NADA SAIRA DO PAPEL
    Quem nao chora...nao mama ....rsrs

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  10. Ė muita cara de pau da administração do TJ. É como se não tivéssemos acesso às folhas de pagamento. Estão desdenhando da nossa cara. Não acreditam mais em greve.

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