14/04/2015

Diário de Greve: dia 6

        É tanta coisa que acontece num dia de greve que a gente até perde a conta de publicar tudo aquilo que viveu. Parece engraçado, mas é verdade. O pessoal chega recolocando todas as faixas e cartazes que haviam sido retirados pelo Tribunal de Justiça (parabéns aos colegas que refazem este trabalho diariamente). Mas hoje o mais importante foi estar junto com os trabalhadores da educação, conversar com os deputados e ver que há sinais de diálogo do "outro lado do muro".

       Chegando no Tribunal o pessoal continua com o som e com o mesmo espírito do primeiro dia. São falas, são explicações, são histórias que todo contam. E lá pelas tantas, após saber que Blumenau chegou a 86% de adesão as notícias começam a melhorar. A notícia também de que a Associação de Magistrados Catarinenses se colocava à disposição para intermediar a negociação com o Tribunal de Justiça já demonstrava um bom sinal.

         E decidimos então, como atividade do dia, ir até a Assembleia Legislativa apresentar nossa colaboração com os trabalhadores da Educação que lá realizavam sua assembleia geral. No dia anterior um dirigente do SINTE veio ao Tribunal de Justiça apresentar sua colaboração e dizer que os trabalhadores da Educação estavam solidários conosco em nossas lutas.

        A chegada na ALESC foi emocionante. Com todos os trabalhadores da Educação recebendo os trabalhadores da Justiça com aplausos, gritos de alegria e palavras de ordem. O apoio recebido e também passado aos irmãos da educação foi um momento emocionante na tarde de hoje. Estar e se encontrar enquanto classe trabalhadora é fundamental no sindicalismo. A força que surge neste momento não há como descrever, e amanhã a tarde isso se repetirá com certeza.

        Depois de fazermos alguns discursos em apoio aos trabalhadores da Educação nos dirigimos às galerias da Assembleia Legislativa a fim de demonstrar para os Deputados que os trabalhadores da Justiça ali estavam. E fomos conversar com os Assessores dos Deputados(as) para marcar uma conversa com os mesmos.

        Conseguimos então nos reunir para uma conversa no Plenarinho da ALESC com os Deputados Valduga do PCdoB, Luciane Carminati e Dirceu Dresch do PT e com Serafim Venzon do PSDB. Todos os quatro num mesmo momento atendendo, escutando e conversando com os trabalhadores do judiciário e se colocando à disposição para intermediar e pedir a abertura do diálogo com o Tribunal de Justiça.

        Durante o debate com os Deputados o Comando de Greve Local (TJ-Capital) foi chamado para uma conversa com o Desembargador Ricardo José Roesler. E voltando ao Tribunal de Justiça, após a conversa com os Deputados que se comprometeram então a solicitar o envio de uma moção ao Tribunal de Justiça recebemos a informação do nosso Comando de Greve Local que o Tribunal de Justiça solicitava, por meio do Desembargador Roesler, o reencaminhamento do Ofício protocolado na semana passada dando conta da pauta de reivindicações estabelecida na Assembleia de 31 de março a fim de reabrir o canal de negociação.

        Fomos então ao SINJUSC apresentar esta informação colhida junto ao TJ e aguardamos que a Direção do Sindicato providencie o envio da documentação para retomar o processo de negociação. Voltando ao Tribunal de Justiça terminamos o nosso dia com um acalentado pão com linguiça. Matou a fome e trouxe de volta um gostinho bom no final do dia.

Um comentário:

  1. Enquanto isso, em várias comarcas do estado nossos colegas foram escorraçados das proximidades dos Fóruns, por se tratarem de elementos de "extrema periculosidade", embora estivessem simplesmente exercendo o direito constitucional de fazer greve, sem arruaças de qualquer espécie.
    É o direito constitucional de livre manifestação NEGADO. É o direito constitucional de ir e vir NEGADO.
    Se a "Casa da Justiça" trata assim seus profissionais, como acreditar que o fará melhor em relação à população?
    Aliás, qual é mesma a autoridade MORAL que os juízes e desembargadores detêm para disciplinar como devemos ou não lutar por nossos direitos, enquanto eles mesmos se REFESTELAM numa sangria vergonhosa do orçamento público? Ou alguém, em sã consciência, vai defender que é justo ganhar MEIO MILHÃO DE REAIS nos últimos 12 meses?
    E ainda acham que a opinião pública vai ficar do lado deles... :D

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